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Não queremos afrontar os EUA, mas inocentes merecem dignidade, diz ministro

Por ordem do presidente Lula, Lewandowski proibiu uso de algemas e correntes em deportados brasileiros.

27/01/2025 às 23h20
Por: Redação Fonte: UOL
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski Imagem: BRUNO ESCOLASTICO - 23.fev.2024/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski Imagem: BRUNO ESCOLASTICO - 23.fev.2024/ESTADÃO CONTEÚDO

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta segunda-feira (27) que o governo Lula não quer "afrontar" os Estados Unidos na questão dos deportados brasileiros, mas exige "dignidade" aos inocentes.

O que aconteceu

Lewandowski pediu respeito aos direitos fundamentais dos deportados, mas disse que o objetivo não é "provocar" os EUA. A declaração foi dada pelo ministro durante evento sobre segurança pública do Lide, grupo de empresários comandado pelo ex-governador de SP João Doria (sem partido).

"Não queremos provocar o governo americano, até porque a deportação está prevista num tratado que vige há anos entre Brasil e EUA. Mas, obviamente, essa deportação tem que ser feita em respeito aos direitos fundamentais das pessoas, sobretudo os que não são criminosos. Nós não queremos provocação, não queremos afrontar quem quer que seja, mas queremos que os brasileiros que são inocentes, que foram lá procurar trabalho, queremos que eles sejam tratados com a dignidade que merecem."

Ricardo Lewandoswki, ministro da Segurança Pública

Governo afirma que deportados não têm pendências com a Justiça brasileira. De acordo com o Ministério da Justiça, não há entre os deportados condenados no Brasil e nenhum deles têm mandado de prisão em aberto ou é considerado foragido no Brasil. No entanto, o governo não informou se os deportados têm pendências com a justiça americana.

Lewandowski afirmou ainda que deportados foram submetidos a "constrangimentos absolutamente inaceitáveis". Eles estavam acorrentados, dentro do voo de volta ao país, pelas mãos e pés, sem alimentação e sem poder ir ao banheiro. O ministro enfatizou que, "em território brasileiro, vigem as leis brasileiras, vige a Constituição brasileira", em referência aos direitos dos brasileiros deportados.

Por ordem do presidente Lula, Lewandowski proibiu uso de algemas e correntes em deportados brasileiros. Em nota no sábado, o ministro disse que a dignidade humana é um valor "inegociável".

Polícia Federal no Amazonas apura denúncias de agressões sofridas por brasileiros deportados dos Estados Unidos. O UOL confirmou que agentes já colheram depoimentos de brasileiros e farão outras diligências, como análise de câmeras de segurança. Não há inquérito instaurado ainda.

Investigação será encaminhada para o departamento dos EUA responsável pela imigração. O procedimento também será compartilhado com órgãos internacionais de cooperação, em busca de mais elementos para a apuração.

Brasileiros denunciaram que agressões teriam ocorrido no voo que desembarcou em Manaus, na noite de sexta-feira (24). Carlos Vinícius Jesus, 29, disse que "eles iriam nos matar" e que os passageiros se "rebelaram". Vitor Gustavo da Silva, 21, relatou que agressões aconteceram por causa de reclamações sobre o calor —o ar-condicionado da aeronave não estava funcionando.

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